quarta-feira, abril 29, 2009







um peixe transformou-se em pó.

[o jogo era uma visão da verticalidade do aquário]

na mesa o peixe mordeu
a vela num anzol
desastradamente mole.

[acabam os cigarros e invado-me de fósforos]

é preciso ritmo para desmontar o princípio da impressão
dos símbolos, disse o peixe.

[hei-de dizer que compro sopa em episódios inúteis]

o fumo desliza pelo nariz
e desenho escamas no escuro.

o escuro favorece a pele, disse o peixe.

a sopa come-se em dois tragos.

[trago-te depois o guardanapo]

o peixe fugiu e provocou a
ira da linha.
a linha disparou dois tiros
num carapau surrealista.

o assassino anda a monte.






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(este post só é válido lido com esta música de fundo. convém ouvir toda a música para que a emoção seja maior. ponto.)





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sábado, abril 25, 2009

sexta-feira, abril 24, 2009


qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.








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quinta-feira, abril 23, 2009




Hoje
, dia 23 de Abril, apresentação interactiva - palavras e riscos - do livro "Apoplexia da Ideia", pela autora - Maria Quintans - e pelo ilustrador - João Concha
...com organização da Bertrand Livreiros, que promove diversos eventos a propósito do dia mundial do livro
Lisboa; 14:00, Av.Roma / 18:00, Chiado [ livrarias Bertrand ]



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terça-feira, abril 21, 2009

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o gato inquietou-se e miou.
as patas arrastaram o poeta.
o gato era fêmea.

[o amor uma massa inútil a alargar espaços]

a gata tinha as mamas cheias de
leite
e os filhos miaus
ameaçados pela criação.

[a metafísica do silêncio é o inverno em pó]

aplaudo a gata a interpretar a sua obra
criativa
na corrente de ar subversiva
do desgosto.

[o amor é um silêncio sensual com um pensamento ao colo]










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sexta-feira, abril 17, 2009

a cidade 2




"
...
Dada is a state of mind. That is why it transforms itself according to races and events. Dada applies itself to everything, and yet it is nothing, it is the point where the yes and the no and all the opposites meet, not solemnly in the castles of human philosophies, but very simply at street corners, like dogs and grasshoppers.

Like everything in life, Dada is useless.

Dada is without pretension, as life should be.

Perhaps you will understand me better when I tell you that Dada is a virgin microbe that penetrates with the insistence of air into all the spaces that reason has not been able to fill with words or conventions."


Tristan Tzara






quarta-feira, abril 15, 2009

a cidade 1







acabei de morrer, meu amor, porque quem escreve a cidade morre de seguida.

deitada de costas surpreendi o lençol. passava mesmo ao lado da orelha esquerda a tua marca articulada onde escrevi a cidade.
forço-te a olhar - vê-me. a permanência do teu ombro
roda na textura da tua orelha esquerda.

a cegueira.onde dói a cegueira. a combustão do silêncio. onde a conversa se desloca sem corpo. nua. em espelhos a invadir a subida.

acabei de morrer, meu amor, pois quem desalma a cidade morre de seguida.





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domingo, abril 05, 2009






tenho um código para abrir as malas. um código genético que se ampara na ilustração do momento em que, por acaso, as malas são levadas como se fossem espaços ambulatórios das crias.
as do exterior morrem se não as arejar.
assim, abro as janelas e fico a admirar as leis da física.

não há nada melhor do que um estímulo visual.





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quarta-feira, abril 01, 2009



não tenho nada a dizer. por isso digo-te. não tenho nada a fazer. por isso conto-te. não tenho nada apenas. por isso engulo-te no cordel do tempo. apenas nada é um entretanto de quase. nada apenas é um quase tudo de pouco. pouco é um quase nada de tanto. isso.






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