quarta-feira, outubro 18, 2006

Sombras



Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.

Nuno Júdice

20 comentários:

Anónimo disse...

Belo... belo, belo.

Anónimo disse...

Há copos que temos que beber logo porque o conteúdo estraga-se depressa... Beijo grande!

BlueShell disse...

Belo...gostei de reler!

Jinhos, BShell

Castanha disse...

Isso é que é inspiração...
E mete copos e tudo :)
Bjo

nnannarella disse...

_______

uhm... afasta de mim esse cálice...

bettips disse...

Poemas, música, imagens e os pequenos risos do dia. Parabéns! Tens um lugar lindo. Abç

[[cleo]] disse...

Lindo!
Faz isso... enche o como devagarinho... lentamente... só assim terás a certeza de que não transbordará!

Um beijo soprado

Anónimo disse...

Tanto que há para dizer sobre o tema, mas ando em fase de nada dizer sobre ele...

Gosto muito de Nuno Júdice :)

BEIJÃO

isabel mendes ferreira disse...

hum.....

não sendo um dos meus poetas....


hum....

"amargo-me" do doce....
___________________

amorica valente disse...

muito bonito! obrigado pela vista te espero mais vezes.

£ou¢o Ðe £Î§ßoa disse...

O amor... cálice da vida!

Até outro instante

Brottas disse...

lindo

Cristina disse...

Olá bandida,
Venho agradecer a tua visita ao meu blogue :)
Estive a ler os teus posts, e achei o teu blogue muito creativo
:)
Prazer e um beijinhu

Anónimo disse...

Agora que soube que gostas, parece impossível, duas amigas que conhecem tanto uma da outra, não sabiam que eram ambas fans de TOM Waits :))!
Bem sei que isto não tem nada a ver com o teu post, bem vendo, atentando nas "lyrics" desta música até tem...

Bom, vou deixar-me de palheta, até porque não tenho jeito... ehehehe

ofereço-te o "Hold On" do "nosso" TOM ;)

http://www.youtube.com/watch?v=WyxcJ8v5lmE

Bandida disse...

____

se de amor se fala de amor se vive. ando por ali a farejar esquinas e o canto move-se (en)cantado para que qualquer coisa se mova acima do nível do mar. espero. não que seja a importância da minha espera a cúmplice manhã do voo. não que me invente em noites de trovoada. espero. só. não há movimento de dedos. nem água. nem sede. nem a noite a esgueirar-se por entre a manhã. __________
tenho. sei. ainda que a verdade seja uma espécie de mentira ao contrário. todas o são. inconsistentes. inúteis. efémeras. ..............
movem-me as notas de um violino rouco___________ apagado
_______gasto_________
inútil.

move-se por magia a mão e adormeço.
________________
_______________

Pierrot disse...

Extraordinário.
Tenho lido nalguns blogs Nuno Júdice que há alguns tempos desconhecia por completo e confesso que me tornei um admirador.

Um copo meio cheio ou meio vazio, uma imagem tantas vezes esquecida e que aqui casou muito bem com o vidro do amor, tão belo e tão transparente, e no entanto, capaz de ferir quando se desfaz em cacos.
Bonita metáfora sem dúvida.

Sobre o teu blog e agradecendo a tua visita, vejo que abunda e transborda de arte.
Cada poema, cada texto, cada foto é um requinte de cultura. Esta é a prova de que a blogosfera contém em si, e muitas vezes de uma forma tão anónima, tanta arte que é desconhecida pela "mainstream" da cultura.

Parabéns por tudo isto
Cá voltarei para me sentar a ler.
Bjos daqui
Eugénio

Entre os teus lábios disse...

A noite desce...

Como pálpebras roxas que tombassem
Sobre uns olhos cansados, carinhosas,
A noite desce... Ah! doces mãos piedosas
Que os meus olhos tristíssimos fechassem!

Assim mãos de bondade me embalassem!
Assim me adormecessem, caridosas,
E em braçadas de lírios e mimosas,
No crepúsculo que desce me enterrassem!

A noite em sombra e fumo se desfaz...
Perfume de baunilha ou de lilás,
A noite põe-me embriagada, louca!

E a noite voi descendo, muda e calma...
Meu doce Amor, tu beijas a minhalma
Beijnado nesta hora a minha boca!


Florbela Espanca

(Porque a inspiração nos dias de chuva foge por entre os meus dedos... partilho este poema)

Isabel disse...

A vida o cálice, o vinho o amor.
Gosto muito de Nuno Júdice, foi excelente a tua escolha.
Eu quero o meu cálice cheio a transbordar. sei que é pedir muito, mas da vida quero tudo.

Gostei de passear por aqui. voltarei por certo muitas vezes.

Beijinho.

Isabel

A. Pinto Correia disse...

Excelente a tua escolha.
Beijo

A. Pinto Correia disse...

Ah, esqueci-me de te dizer que tomei a liberdade de te linkar.