terça-feira, outubro 28, 2008




























a sede é um ritmo brutal de ruas negadas à boca.
a língua é a negação do som.

naturalmente engasgo-me.








domingo, outubro 26, 2008







"E como faz para se equilibrar?

-É o mais difícil. Mas isso em tudo. E quando estamos a dançar, temos de ter este equilíbrio porque, além de estarmos a contar uma história e a mostrar a nossa emotividade toda, temos de fazer o trabalho técnico. É por isso que trabalhamos intensamente todos os dias. E temos de buscar o equilíbrio para uma coisa não ultrapassar a outra. Não só trabalhar o lado técnico e estarmos ali a despejar coreografia mas também não nos deixarmos levar pela emoção."

Ana Lacerda




quem assim se dá no espaço de um tempo em si mesmo passo. descalço. na ponta das mãos a segurarem a existência dentro da gaveta da vida. quem assim se dá. é. sempre. quem assim dança. é. definitivamente.



terça-feira, outubro 21, 2008








na Livraria Gato Vadio no Porto, dia 1 de Novembro às 17.00h.

a apresentação do livro "Apoplexia da Ideia" será feita por uma escritora surpresa.

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domingo, outubro 19, 2008

























enquanto os lobos dormem no atalho da névoa.







sexta-feira, outubro 17, 2008
































Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.




António Ramos Rosa,
Facilidade do Ar, 1990




quinta-feira, outubro 16, 2008





"If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite."


william blake

terça-feira, outubro 14, 2008









a curiosidade é um deus de tédio.

(nota à beira da cama com pés de cão)






sexta-feira, outubro 10, 2008































entro no beco das solidões vazias onde há sempre uma cerca de névoa a saltar a porta da imortalidade. a morte é só mais um som no degrau da paixão.
perguntas se noto. não. não noto nada. não suponho nada. não distingo nada dos íntimos detalhes da preguiça.
a tristeza é um corpo antigo a endoidecer cordas obscenas e o palco um acenar de véus a despentear os lábios do silêncio.

perco-te na permanência do olhar. perco-te na floresta da boca. perco-te no tempo em que me perco disfarçada de momento. perco-te. perco-te sempre.




quarta-feira, outubro 08, 2008



































há criaturas cantantes de constantes moderados a imaginar gatas nas patas das simples criaturas.
há criaturas encantadas com tragédias derrubadas no ponto de rebuçado de outras mais caricaturas.
há criaturas únicas no mundo das criaturas. há criaturas únicas brilhantemente idiotas no mundo das criaturas.

há criaturas sombra no reino das criaturas a deixar lenços ranhosos nos bolsos de criaturas.

há criaturas deslumbradas com o folclore das palavras a desflorar o pudor.

há criaturas amarelas que gostavam de ser lilases.

há criaturas no mundo das criaturas a fazerem-se passar por morangos.

há morangos que gostavam de ser criaturas.

há amarelos que gostavam de ser criaturas e não passam de morangos.









segunda-feira, outubro 06, 2008




moves no chão um agrado de pele. curvo-me. vestes na erva o ardor da dança. e a mesa reencarna o embrulho do desejo.


toda a emoção é um olfacto. todo o grão é um carreiro de pó a abrir sabores.