e de repente o passado chama-se adolescência inquietude e descoberta....
eram dias de olhar o futuro e ser rosa...
Bandida...
obrigada....apetece ter outra veZ a idade da inocência...que não se compadece com a idade de saber que o amor e a música andam de mãos dadas...mesmo que tudo seja confundível...
Foi a «bebida alcoólica» da minha adolescência... o disco não podia ser vendido a menores e eu ia ouvi-lo, às escondidas, em casa de uma amiga, que tinha uma irmã mais velha que tinha comprado o disco. Baixinho, de coração aos pulos, provavelmente tão escondida e tão em sobressalto quanto lá em casa os mais velhos ouviam a Rádio Argel... - Ssshhhhhh, as paredes têm ouvidos! (E eu a imaginar homens de sobretudo negro e chapéu, gola levantada a tapar o rosto, e de orelha encostada às paredes). E o disco passava de mão em mão. Como passavam de mão em mão os panfletos contra o regime, os livros de Mao, Lenine... Uma manhã, íamos a sair e a rua estava atapetada com pequenos papéis impressos. Pensei que fossem os panfletos do circo. Ou dos equilibristas que, anualmente, esticavam um cabo da torre do mercado até um edifício no lado oposto, e faziam as minhas maravilhas equilibrando uma bicicleta ou deslizando os pés num fio de arrepio. - Não apanhes isso, filha. Cuidei que era só porque «não se deve apanhar coisas do chão, que está sujo». Mais tarde, vi que o meu pai tinha apanhado um e que o lia, num canto da casa, junto à rádio da mosca cantora, mostrando-o, depois, a um familiar que com ele costumava escutar a Rádio Argel. Aquele, foi para quem o apanhou. E apanhar podia significar cadeia. Da Rádio Argel, só mais tarde soube do que se tratava. Dos panfletos, também. A mosca cantora, essa, descobri-a cedo. Sozinha. Um dia, estava o velho aparelho Grundig a encher o ar com um canto lírico e eu dispus-me a desvendar o mistério daquela gente que me entrava diariamente em casa. Espreitei, espreitei e… lá estava ela! Ao olhar pela parte de trás do aparelho, consegui vislumbrar, através de umas frestas, uma mosca! A luz da lâmpada deixava ver uma mosca muito quieta, a fingir-se morta, para que eu não desse por ela. Estava desvendado o mistério! Era uma mosca cantora. Uma mosca cantora que devia ter medo do escuro, como eu; por isso havia uma lâmpada acesa dentro daquela caixa. Afinal, a caixa era uma espécie de palco de actores minúsculos. E durante muito tempo, quando me encontrava a sós com o velho Grundig, lá ia espreitar para ver se via a mosca cantora. E ela lá estava, quieta, a fingir que não era nada com ela. E eu fingia que não a tinha visto. Que não tinha descoberto o seu segredo…
Perdição de música. Aditiva, doce. Um dos meus pequenos tesouros é a discografia quase, quase completa do Serge (só não tenho as bandas sonoras e discos aos vivos).
"eu sou apenas uma sombra de mim próprio , ela atravessa sem resistência a sala ,cai sobre os móveis e papéis ,instrumentos musicais , restos de flores ,um casaco vazio numa cadeira,dentro do qual uiva um telefone como um lobo , seja para quem for homo homini lupus Per Aage Brandt (tradução colectiva Maria João Reynaud e um erro de sintaxe) Abraço de lobo!
Je serai douce, si douce Quand tu me diras de l'être. Je serai obéissante, Quand tes mains caresseront Mes mains, mes cheveux, mes lèvres. Oui, je serai très très belle, Quand,à minuit,Tu me coucheras Sur un lit aux draps défaits, Sans vraiment aucun souci Pour ma robe rouge d'amante, Sans aucun souci vraiment. Je serai douce, si douce, Je serai tendre, si tendre, Je serai belle, si belle...
Combien j'ai connu d'inconnues Toutes de roses dévêtues Combien de ces fleurs qu'on effleure Et qui s'entrouvrent puis se meurent Que de larmes et de colliers Au pied de mon lit ont roulé Que de comédies que d'ennuis Pour de si frêles pierreries
Amour sans amour, amour sans amour L'amour sans amour et sans visage Amour sans amour, amour sans amour Sans illusion, sans orage
Amour de collège, comment ai-je Pu oublier tes sortilèges ? L'amour au hasard d'un regard T'a effacée de ma mémoire Du jardin que j'ai saccagé, Dont les herbes se sont couchées, Il ne reste rien, je le crains, Que ronces mortes sans parfum
Amour sans amour, amour sans amour Amour sans amour, rien n'est plus triste Amour sans amour, amour sans amour Mais qui sans amour existe ? Combien j'ai connu d'inconnues Toutes de roses dévêtues (Serge Gainsbourg - Amour Sans Amour)
Fizeste me recordar e isso é muito bom e sei lá porque voltar a ver o Paris Je T'aime....
Também eu voltei á adolescência com esta música e letra, que trauteava em voz pequena, pois na época apenas alguns a podiamos ouvir clandestinamente. Curiosamente, tantos anos depois, é agora assiduamente tocada na rádio MARGINAL, e já não tem o sabor do proíbida, embora continue a ser linda de ouvir. Bjs TD
a propósito de fazer vibrar, há hoje muitas panaceias, mas também muitos remédios. Por exemplo, para a úlcera de estômago, temos o mesmo químico com 50 nomes diferentes (mais coisa, menos coisa)... e temos as ervas, os ungunentos. E as pomadas... é uma vibração! Bem, o que eu queria mesmo era dizer bom dia! e vou tomar um café. Sem glícidos. ;-)
36 comentários:
e de repente voltei a ter 15 , l6 anos....
e de repente o passado chama-se adolescência inquietude e descoberta....
eram dias de olhar o futuro e ser rosa...
Bandida...
obrigada....apetece ter outra veZ a idade da inocência...que não se compadece com a idade de saber que o amor e a música andam de mãos dadas...mesmo que tudo seja confundível...
um beijo.
Y.
uma é minha, outra é tua, outra para quem a apanhar!
uma é minha, outra é tua, outra para quem a apanhar!
as pombinhas da catrina andaram de mão em mão...
as pombinhas da catrina andaram de mão em mão...
Sigo nas palavras anteriores,
tempo de príncipes azuis e princesas cor de rosa
e o visual das palavras,
as palavras de mão em mão
mais a forma com as apanhaste
hummm como gostei!!!! :)
[porque de tal não me lembrei?! agrhh :)))) ]
beijo
Que Bandidaaaaaaaaaaaaaa !!!!!
Isto não se faz ...
(músicas e LETRAS que nos arrancam o coração ...)
Apetece-me DESVIAR estas águas ...
b* da Isabel
Essa " vague " longínqua, muito longínqua que a todos, um dia,inundou de fantasias ...
na idade da INOCÊNCIA.
Sinceramente ...
Como te lembraste ? Onde a desencantaste ?
Mais b*********** da isabel
bom dia, bandida. obrigatório o início da semana aqui. indelével. não tenho como agradecer. um beijo.
No tempo onde tudo era possível...
De mão em mão, para quem a apanhar…
Foi a «bebida alcoólica» da minha adolescência... o disco não podia ser vendido a menores e eu ia ouvi-lo, às escondidas, em casa de uma amiga, que tinha uma irmã mais velha que tinha comprado o disco.
Baixinho, de coração aos pulos, provavelmente tão escondida e tão em sobressalto quanto lá em casa os mais velhos ouviam a Rádio Argel...
- Ssshhhhhh, as paredes têm ouvidos!
(E eu a imaginar homens de sobretudo negro e chapéu, gola levantada a tapar o rosto, e de orelha encostada às paredes).
E o disco passava de mão em mão. Como passavam de mão em mão os panfletos contra o regime, os livros de Mao, Lenine...
Uma manhã, íamos a sair e a rua estava atapetada com pequenos papéis impressos. Pensei que fossem os panfletos do circo. Ou dos equilibristas que, anualmente, esticavam um cabo da torre do mercado até um edifício no lado oposto, e faziam as minhas maravilhas equilibrando uma bicicleta ou deslizando os pés num fio de arrepio.
- Não apanhes isso, filha.
Cuidei que era só porque «não se deve apanhar coisas do chão, que está sujo».
Mais tarde, vi que o meu pai tinha apanhado um e que o lia, num canto da casa, junto à rádio da mosca cantora, mostrando-o, depois, a um familiar que com ele costumava escutar a Rádio Argel. Aquele, foi para quem o apanhou. E apanhar podia significar cadeia.
Da Rádio Argel, só mais tarde soube do que se tratava. Dos panfletos, também. A mosca cantora, essa, descobri-a cedo. Sozinha. Um dia, estava o velho aparelho Grundig a encher o ar com um canto lírico e eu dispus-me a desvendar o mistério daquela gente que me entrava diariamente em casa. Espreitei, espreitei e… lá estava ela! Ao olhar pela parte de trás do aparelho, consegui vislumbrar, através de umas frestas, uma mosca! A luz da lâmpada deixava ver uma mosca muito quieta, a fingir-se morta, para que eu não desse por ela. Estava desvendado o mistério! Era uma mosca cantora. Uma mosca cantora que devia ter medo do escuro, como eu; por isso havia uma lâmpada acesa dentro daquela caixa. Afinal, a caixa era uma espécie de palco de actores minúsculos. E durante muito tempo, quando me encontrava a sós com o velho Grundig, lá ia espreitar para ver se via a mosca cantora. E ela lá estava, quieta, a fingir que não era nada com ela. E eu fingia que não a tinha visto. Que não tinha descoberto o seu segredo…
Perdição de música. Aditiva, doce. Um dos meus pequenos tesouros é a discografia quase, quase completa do Serge (só não tenho as bandas sonoras e discos aos vivos).
beijos
Por falar em bom gosto... :)
Um beijo.
Outra vez. O Sena... Tu.
Muitos disseram "impossível"... "oh, passado"...
Eu digo "quero"... "meta"... "Sena".
Beijo tocado.
http://www.youtube.com/watch?v=3O01zxTTrQY
acabei de encontrar. não é algo que publique no meu blog. mas fica aqui o endereço para se quiser ver. beijinho muito grande.
"comme la vague irrésolue Je vais je vais et je viens..."
olha....voltou a ter "fio"....:))))
coisa fascinante!
ele há coisas fantásticas....
boa noite Bandida.
a sorrir...
Y.
vague c'est moi, Isabel :)
a parte estética, visula deste blog está muito interessante, Bandida, leve e clean.
beijinhos e para a isabel tb
:)
obrigada Vague...:))))
igualmente.
_______________
Y.
"eu sou apenas uma sombra de mim próprio ,
ela atravessa sem resistência
a sala ,cai sobre os móveis
e papéis ,instrumentos musicais ,
restos de flores ,um casaco vazio numa cadeira,dentro do qual uiva um telefone como um lobo ,
seja para quem for
homo homini lupus
Per Aage Brandt
(tradução colectiva Maria João Reynaud e um erro de sintaxe)
Abraço de lobo!
Je serai douce, si douce Quand tu me diras de l'être.
Je serai obéissante, Quand tes mains caresseront
Mes mains, mes cheveux, mes lèvres.
Oui, je serai très très belle, Quand,à minuit,Tu me coucheras
Sur un lit aux draps défaits, Sans vraiment aucun souci
Pour ma robe rouge d'amante, Sans aucun souci vraiment.
Je serai douce, si douce, Je serai tendre, si tendre,
Je serai belle, si belle...
...moi non plus.
(lindíssima mulher...)
:)
... je vais et je vient entre tes reins ... et je me retiens...
oh la la acertaste na mouche!
oh mon amour, tu es la vague! tu vas et tu viens entre mes reins... et je te rejoins!!!
acho que fiquei afectadíssima ;)
Gainsbourg, always!!!
passem por aqui :
http://s-nonblog.blogspot.com/
e vejam "The Dot and the Line".
sublime!!!!!!!!!
Bandida, passei por aqui. Só para dizer, depois de ver, que gostei do visual e especialmente, da música!
A.P.
Deixo a minha musica preferida :
Combien j'ai connu d'inconnues
Toutes de roses dévêtues
Combien de ces fleurs qu'on effleure
Et qui s'entrouvrent puis se meurent
Que de larmes et de colliers
Au pied de mon lit ont roulé
Que de comédies que d'ennuis
Pour de si frêles pierreries
Amour sans amour, amour sans amour
L'amour sans amour et sans visage
Amour sans amour, amour sans amour
Sans illusion, sans orage
Amour de collège, comment ai-je
Pu oublier tes sortilèges ?
L'amour au hasard d'un regard
T'a effacée de ma mémoire
Du jardin que j'ai saccagé,
Dont les herbes se sont couchées,
Il ne reste rien, je le crains,
Que ronces mortes sans parfum
Amour sans amour, amour sans amour
Amour sans amour, rien n'est plus triste
Amour sans amour, amour sans amour
Mais qui sans amour existe ?
Combien j'ai connu d'inconnues
Toutes de roses dévêtues
(Serge Gainsbourg - Amour Sans Amour)
Fizeste me recordar e isso é muito bom e sei lá porque voltar a ver o Paris Je T'aime....
bjinhos da Vela
então é assim....
gostaria de ter tido "a coragem" de ter posto no piano este "regresso" em suspiros..sustenidos...:))))mas ...
hélas...
sempre posso vir por aqui...:))))
ora essa...
sempre foi bom ver/ler la declaration si douce si ....si...do re me fa so la si...
e já estou de saída...
Caríssima.
Abençoada seja por este post.
Dada a minha idade sofro de vaginite atrófica.Mas depois de ouvir esta música tudo muda.
Nada como vir aqui.
Um post vibrante. Que delícia.
Muito e Muito Obrigada.
/Maria dos Anjos/
Obrigada pela sublime arte
Também eu voltei á adolescência com esta música e letra, que trauteava em voz pequena, pois na época apenas alguns a podiamos ouvir clandestinamente. Curiosamente, tantos anos depois, é agora assiduamente tocada na rádio MARGINAL, e já não tem o sabor do proíbida, embora continue a ser linda de ouvir.
Bjs
TD
caríssima Maria dos Anjos, imagino o desconforto dessa que deve ser uma terrível atrofia...
:))))
ainda bem que o post a fez vibrar... volte sempre..
:))))
B.
____________________________
voila! moi... même!
...
voando...
:)
gosto
gosto mesmo...
[...de volta,
sem faringite,
ainda com faringe...]
;)
Beijos............................
a propósito de fazer vibrar, há hoje muitas panaceias, mas também muitos remédios. Por exemplo, para a úlcera de estômago, temos o mesmo químico com 50 nomes diferentes (mais coisa, menos coisa)... e temos as ervas, os ungunentos. E as pomadas... é uma vibração!
Bem, o que eu queria mesmo era dizer bom dia!
e vou tomar um café.
Sem glícidos.
;-)
asti - lá me constipei outra vez!
Bolas,a Astid não se cala .
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