quarta-feira, abril 18, 2007



Quando bruscamente, nas trevas da noite,
Ouvires passar o tropel invisível das vozes puras,
O coro celeste das sublimes harmonias,
Abandonado definitivamente pela fortuna,
Desfeitas em pó as últimas esperanças,
Esvaída em fumo uma vida de desejo.
Ah, não sucumbas lastimando um passado
Que te traiu, mas como um homem
Que se prepara há muito tempo,
Despede-te corajosamente
De Alexandria que te abandona.
Não te deixes iludir e não digas
Que foi sonho ou um logro dos teus sentidos,
Deixa as súplicas e os lamentos para os poltrões,
Abandona vãs esperanças,
E como um homem que se prepara há muito tempo,
Resignado, altivo, como te compete
E a uma cidade como esta,
Abre a janela e olha para a rua
E bebe a taça inteira da amargura
E a derradeira embriaguez da multidão mística
E despede-te de Alexandria que te abandona.


Lawrence Durrell, in O Quarteto de Alexandria, Justine


por aqui

15 comentários:

Anónimo disse...

palavras sábias

as que precisava ouvir


um abraço

Ana Paula Sena disse...

Olá, Bandida! :)
Ainda bem que gostaste! É mesmo bom, é verdade...Palavras fortes e belas. Fico feliz por teres sido sensível a elas tal como eu sou! E adorei que as tivesses usado aqui no teu, sempre belo, blog. Ficaram lindas a azul!!!
Beijos e até breve...!

Anónimo disse...

Obrigado por partilhares estas palavras do Durrell. Caíram-me que nem ginjas! Beijo, grande...

PintoRibeiro disse...

Pois. Labiríntico, o blogue.
Bom dia.

manhã disse...

justine...quando o li vivi semanas à sua sombra! este trecho segura no alto a verticalidade das quedas! aparece toda uma geração para dizer! presente!nós também e sobrevivemos!

Moura ao Luar disse...

Beijo, e bom resto de semana

hfm disse...

E estamos faladas... basta citares O Quarteto de Alexandria.

Anónimo disse...

li ontem este poema no blog da ana paula que tem uma sensibilidade a toda a liquidez ;) adorei relê-lo.

um grande beijinho, bandida.

(agradeço em meu nome as palavras que dirigiu à menina marota. bem haja, cara amiga. deus lhe pague)

isabel mendes ferreira disse...

"Abre a janela e olha para a rua"

________________________

lá fora o sol. imenso. intenso.

quase como em terras pérsicas.


__________________________

e fui.


para a rua.

__________________

colher o sol.

__________________

místico.
________________.


beijo Bandida.

Manuel Veiga disse...

confesso a minha ignorância. não conhecia o poema.
nem conheço o poeta.

porém,gostei muito do poema nas suas conotações "nietzshenianas"

isabel mendes ferreira disse...

venho cá por me ter lembrado do teu nome
exclusivo:

M. Bach!!!!!!!!!!!!!!!

______________

( a minha cABEÇA JÁ NÃO É O QUE NUNCA FOI)....:)))))))))))))))).


________------------------_________.

The Perfect Stranger disse...

"Je suis d'un autre pays que le vôtre, d'un autre quartier, d'une autre solitude."

je suis...

Maria Eduarda Colares disse...

Que bom, o Durrel, que genial escrita! Percebi pelos comentários que esta influência vem da ana paula, mas b (de bandida) vem antes de m (música...) e portanto 1º alfabeticamente. Bom, ela perdoa-me, eu sei. Já lá vou visitá-la.
Um beijo, bandida

merdinhas disse...

a tetralogia...Justine...

e Alexandria como pano de fundo.

vou ali...ver.

merdinhas disse...

Paul Auster também é um bom link...(enlace ...como dizem os espanhóis)