não sabia que eras tu. ainda que já conhecesse a crueldade da imagem. não sabia que eras tu a amolecer verbos como se a testa fosse o braço e o caminho um vento a levar-me a voz. onde a estrada soa a terra. não sabia mesmo. não sabia que o portão fechava a porta, e cedo, muito cedo, o luar não passava de uma noite empedrada na garganta do tempo.
disse-te que dentro dos teus olhos o pintor revolvia a terra. ou então não disse nada.
um dia hei-de miar à lua. ou então não digo nada.
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31 comentários:
Gostei do post.
Eu também não sabia.
A vida - no seu determinismo ou acaso - pode ser cruelmente surpreendente.
Que se mantenha a capacidade do espanto e, sobretudo, a do riso.
Bjo
não digas nada. ou então diz tudo. diz tudo o que vai na árvore
e na flor que jorra da saliva dos amantes
diz tudo da pétala
da flor
do romanceiro antigo que é o meu
e o de todos nós
diz tudo da história
e dos versos modernos
e da falésia que se esconde na rocha dura da praia
diz tudo
assim
Jorge Vicente
incisivo o olhar.
de quem andou por dentro da vida.
de quem sabe que ela (a vida) ~se esculpe nas rugas do tempo.
quanto ao mais subscrevo a M.M.
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disse.
Impressionante o Glenn Gould , impressionantes as palavras.
Há tanta coisa que não sabia, que não sei , que não falo, que não grito... nem mio sequer!
Um beijo minha bandida
mesmo nao sendo, cruel de nós que a imaginamos. na pele o mais evidente. sim. silhueta em desgaste. do tempo perdido, dorido, farrapo no olhar. mesmo ao luar, vacilamos... grito pendente. derrame intemporal, calumba térrea. um dia, esse miar, personagem de ti, ganhará forma. casta lua tua, amiga esquiva. Lua que chama por ti, minerva de nós.
cris!
sou eu. agora. e a minha imagem não é cruel, mas animada. por isso, cara bandida, vou ter de fazer minhas as palavras dos que me antecederam (se deixarem). sensatas. e o elogio é mais que devido.
foto poderosa e menino prodígio. o rachmaninoff é que é perigoso...
adorei a musicalidade da escrita.
B.
Teresa
eloquente.
... como a "noite empredada na garganta do tempo"
esfinge
esfíngica ...
imagem icónica
da erosão dos dias
b* ( musical ... )
Fiquei por aqui um bocado.
Lendo e ouvindo.
Estando.
Sentidos em palavras... de um não poder que pode...
bjo doce
fiquei com inveja desse miar :)
beijinho.
Adorei simplesmente...
Mia...
bjo enorme
dizemos o que queremos dizer e ouvir e não dizer e sentir
(não se diz realmente nada)
às vezes diz-se tudo...
beijo
Mia...ou não digas nada. Dizer nada é uma expressão forte.por vezes diz tudo.como a pele lavrada dessa foto.
beijo aromático para ti bandida!
bonito!às voltas com o tempo, como a yourcenar dizia, nada como o tempo para esculpir rostos e emoções até lhes dar a face depurada.
"UM DIA HEI-DE MIAR À LUA"
e eu a pensar que também já lhe ladrei
também não digo nada
só para tentar adivinhar os teus olhos - que eu quero
LINDOS
...e serás [a sombra do sonho que a insónia não nos deixa sonhar.]
assim...como todos os que têm um grito na voz e possuem o sentido trágico da vida.
vou. não sei se...mas vou.
até ali. em ponto.
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se nunca se disser
tudo se cala
e assim deve ser.
verbos
pássaros
piano
água
choro
risos
pedro
inês
um dia hei-de
ver o infinito...
o anjo P
sem querer,
sem querer, absolutamente,
pus um post com o Gould...
sem a tua poesia... só com a poesia do Bach!
transmissão (blogal) de pensamentos?........
fodido o tempo amargo
com fome de identidade
"miar", "chorar"
é outra coisa
mais para tempos de intimidade
haja agua.
ps: hoje nao tenho brinde musical
Magnífico, o Glenn Gould! Música do melhor!
A foto também é extraordinária!
E as tuas palavras, um dizer que vence o silêncio mais sábio... :)
Beijinhos! Bom domingo!!
Para ti boa semana.bjo
Não digas nada... deixa que o silêncio fale...
beijos
Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver…
Não digas nada
Deixa esquecer
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada…
Mas ali fui feliz
Não digas nada.
Fernando Pessoa
Não: não digas nada
Supor o que dirá
A tua boca velada
É ouvi-lo já
É ouvi-lo melhor
Do que o dirias
O que és não vem à flor
Das frases e dos dias
(...)
fernando pessoa
não digas nada
a maior verdade está no que se cala
e porque não sabemos o silêncio é muito sábio.
Ao que sei miaste à lua, num telhado....
A luz fende a pupila, acaricia o dorso da sombra. É então que – sei lá se pela última vez – a inocência volta a entrar na minha vida. Olhos, mãos, alma, tudo é novo – recomeço a prodigalizar alegria, uma alegria que não procura palavras porque o seu reino não é o da expressão. Digamos que esta nova experiência, a que não quero dar nomes, não se preocupa em interrogar, talvez por já não ser tempo de dúvidas, ou então por não lhe dizerem respeito essas verdades últimas, cegas como facas.
Não é um poema de obediência o que me proponho nestas
linhas; trata-se de outra coisa: levar à boca fresca
do ar o ardor das areias queimadas.
Mas sem palavras, sem palavras.
Eugénio de Andrade.
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...e deixo-te este aqui.
porque sim.
http://a-skim.blogspot.com/2007/08/5.html
:)
O olhar corta como o gume de uma faca. Como o bisturi do tempo que deixa os sulcos no roto.
CSD
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