- adormecimento hipnótico (visual, mas não só). um ser-não ser de palha que assiste ao despertar da sua primavera (widekind em nova metáfora). (sonho maravilhosamente surreal em perspectiva).
- enlevo (musical)- o "tic, tac" do relógio de bolso convertido em canção de embalar (prevenção contra insónia).
- deslumbramento (paranormal) ante a descoberta do "Sono"!!! (irremediável narcolepsia).
mas se vier a acordar, lembrar-me-ei de ter atravessado esta ponte!!
princesa, também não exageraides, olhai que nós também frequentamos esta mercearia... devíeis ter dito "do melhor" afim de nos contemplardes também com essa estranha milagem!!
uma estrada que se alonga, feita de asfalto, azeviche e solidão. tão longa que não se lhe chegava o vento pando que do sudoeste soprava. as bermas, essas, eram de feno incendiado e pedras. de memórias de tempo ardido e ardósias acesas. metamórficas. todavia brisa. azulina brisa a perpassava. mas só depois de por ela passares.
Dó de quem não dorme, de quem passa a noite à espera que desperte o silêncio. O vento devia cantar nos plátanos com a lua nova, ser mais uma folha feliz nos ombros do outono. Mas o vento parece ter endoidecido: de leste a oeste varre a rua, varre a noite: o vento alegremente varre o mundo ― em turbilhão arrasta o lixo mil vezes imundo.
Dó de quem não dorme, de quem passa a noite à espera que desperte o silêncio. O vento devia cantar nos plátanos com a lua nova, ser mais uma folha feliz nos ombros do outono. Mas o vento parece ter endoidecido: de leste a oeste varre a rua, varre a noite: o vento alegremente varre o mundo ― em turbilhão arrasta o lixo mil vezes imundo.
14 comentários:
!!!
reacções em cadeia:
- susto (mudo)!! temos murnau...
(prometidos terrores nocturnos!)
- adormecimento hipnótico (visual, mas não só). um ser-não ser de palha que assiste ao despertar da sua primavera (widekind em nova metáfora).
(sonho maravilhosamente surreal em perspectiva).
- enlevo (musical)- o "tic, tac" do relógio de bolso convertido em canção de embalar (prevenção contra insónia).
- deslumbramento (paranormal) ante a descoberta do "Sono"!!! (irremediável narcolepsia).
mas se vier a acordar, lembrar-me-ei de ter atravessado esta ponte!!
pois acordada fico sempre que atravesso a estrada e bato à porta do seu "sono"...
por lá vi e li insónias. que valem a pena.
como aqui. velaturas de cetim que nos despertam para outras estradas.
bom dia.
P.R.
Adoro esta fotógrafa! é "dramática", não gótica. e esta página é sempre de uma coerência (estética) perturbadora (pode ser então: sinergia e conflito)
Senti-me num imaginário surrealista.
Com sono ou não tenho é saudades tuas.
Beijo enorme
Bem bonito. surpreendentemente bonito.
bj felpuda
atarvessar a estrada com sono é perigoso. digo eu, sei lá...
Recordo-me como se fosse hoje
bjs
Upa, upa, este é na verdade um post,de 1000 por cento. O MELHOR QUE VI NA BLOGOSFERA NOS ÚLTIMOS TEMPOS.
...
princesa, também não exageraides, olhai que nós também frequentamos esta mercearia...
devíeis ter dito "do melhor" afim de nos contemplardes também com essa estranha milagem!!
(e está ganho, bandida!!)
uma estrada que se alonga, feita de asfalto, azeviche e solidão.
tão longa que não se lhe chegava o vento pando que do sudoeste soprava.
as bermas, essas, eram de feno incendiado e pedras.
de memórias de tempo ardido e ardósias acesas. metamórficas.
todavia brisa. azulina brisa a perpassava. mas só depois de por ela passares.
Abraço.
Bom fim de semana.
Beijos
Dó de quem não dorme,
de quem passa a noite à espera
que desperte o silêncio.
O vento devia cantar nos plátanos
com a lua nova, ser mais uma folha
feliz nos ombros do outono.
Mas o vento parece ter endoidecido:
de leste a oeste varre
a rua, varre a noite: o vento
alegremente
varre o mundo ― em turbilhão
arrasta o lixo mil vezes imundo.
E o sono chega.
Eugénio de Andrade
...bons sonhos, minha B.
Dó de quem não dorme,
de quem passa a noite à espera
que desperte o silêncio.
O vento devia cantar nos plátanos
com a lua nova, ser mais uma folha
feliz nos ombros do outono.
Mas o vento parece ter endoidecido:
de leste a oeste varre
a rua, varre a noite: o vento
alegremente
varre o mundo ― em turbilhão
arrasta o lixo mil vezes imundo.
E o sono chega.
Eugénio de Andrade
...bons sonhos, minha B.
Enviar um comentário