terça-feira, julho 01, 2008
seja o pano do tempo a molhar na testa outra qualquer coisa como a pasta dentífrica da nossa importância. seja um covil de máscaras a perverter a noite. seja. que seja. o que seja.
os deuses não se santificam, comem-se. as figuras não se alinham, engolem-se.
iludem-se os pássaros no deserto coexistido do que nunca somos.
ser é ir de outono em outono com os pés a doer para falar de nada. recriar na mão o medo do que só é meu porque bruscamente imagino que seja.
a voz da minha intuição mente-me com olhos do tamanho de cobertores de estrelas e perde-me nos arredores do sempre onde a nudez do ritmo me propõe insónias.
o amor é uma linha de cocaína a ocultar ombros. gastos.
gasto. gasto-me. agasto. agasto-te. agarro-te. amarro-te. como-te. de quatro. à beira da vida.
e esta vontade doida de trocar a febre pela contemplação da música a arder no colarinho do vento.
este é o ritual civilizado da inexistência. passo a passo.
Etiquetas:
Bernardo Sassetti,
Espaço Avenida/Kerouac,
não mudo uma vírgula.
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31 comentários:
Santifica-se a vida por se amá-la tanto! Intensa atmosfera, a imagem, a música de Sassetti, o teu texto, para comer enquanto se lê. Beijo!
belas e intensas imagens poéticas.
gostei muito.
mas nunca trocaria a febre pela contemplação. mas enfim, cada um sabe de si... rss
Conheço esta estrada
este som
esta febre
é preciso (?)
caminhar contra a corrente
Um final de arrepiar!
Esta música é um diamante na noite escura!
Adorei a sensação vagueante sugerida pela estrada verde-azul. Sugerida por tudo... inclusive pelo teu belo e devastador texto.
Bjs!
choque. em cadeia.
de estremecer.
os ouvidos.
os olhos.
a emoção.
passo
e volto a passar...
vim farejar
o covil das máscaras
como ritual civilizado da inexistência
na noite de Sassetti!
(before the crash)
e esse barulho, rouco, ao longe...?
será o 550 spyder, prateado, nº 130, do Dean ?
como incivilizar esse ritual, até o fazer existir?
mudando, talvez, a toada.
mais ligeira, a galope...
catapim, catapim, catapim...
de quatro, vida adentro...
a vertigem.
(1 abracinho)
o amor é uma linha de cocaína a ocultar ombros. gastos.
gasto. gasto-me. agasto. agasto-te. agarro-te. amarro-te. como-te. de quatro. à beira da vida.
Confesso que nao sei o que dizer.para além de genial!
Obviamente que os deuses
residuais
também se comem
como a poesia
Os Deuses engolem-se e engolem ...não é essa a história de Minerva nascida da cabeça de Júpiter depois de este engolir a mulher grávida?
recriar na mão o medo do que só é meu porque bruscamente imagino que seja…
mesmo que não seja
não duvides do sal que te estala o céu da boca, mesmo que chova
não duvides da esteva que te enche de mar, mesmo que longe
não duvides do canto que te emprenha a voz, mesmo que ecoe
não duvides do vento que te marca o rosto, mesmo que não existas
não duvides da cor das manhãs em que abres os olhos e não há mais ninguém
mesmo que haja
[http://www.youtube.com/watch?v=CKkVe5BtmFo]
alternativas precisam-se. (é sempre bom desalinhar o fado).bonito.
morrer à fome por um deus inexistente. que diz sempre NÃO
...
manjar dos deuses!!
santa ignorância, a nossa.
nunca interpretámos tal como sendo Eles a refeição...
- ó mãe!!! o que é "o comer"??
- empadão de posídon...
- detesto peixe!! quero pizza!!
- queres uma fava!! ou isso ou o resto dos escalopes de afrodite!!
e pára de comer apolos, que fazem mal aos dentes!! ainda levas no colarinho...
gostámos muito
mesmo muito
(Loulou e Nini)
Essa estrada legendada lembra-me esses homens, de copos na mão, sempre vazios de líquido, cheios de ar como os aviões sem passageiros : cem rostos sem face. Passagens pós-humanas, demasiado humanas.
A magia dessas palavras é a da verdade inteira, dias inteiros, a pensar nas pessoas....
querida bandida, nos últimos dias não conseguia ntrar no seu blog. eu bem vinha diariamente como é o hábito, mas dava sempre erro. e só hoje li o seu post e só hoje fui compensada por todo este tempo de espera em poder lê-la. um dos seus melhores poemas, se me permite. um grande beijinho. fico a reler :)*
"os deuses não se santificam, comem-se "
Antropofagia divina !
Deixo uma coroa de estrelas à Senhora dos Milagres ...
Retiro-me
em retiro
b*
iv
ai ai...
rumo ao sul?
ao centro?
______________
rumo ao dentro?
.
estradas são como os dias.
ou os dias são estradas (dirias tu de que...:)).
.
texto que se come? disse alguém por aqui..?
eu diria que texto que se persegue. a si mesmo.
sem portagens. sempre em frente.
pois.
e gostei.
muito.
mas muito mesmo,
Bandida!
é muito bem d.escrito.
______________________.
o amor é uma linha feita raio de circunferência tornada círculo de droga. droga tornada amor. amor tornado droga. círculo sem saída. anel de promessa não cumprida. gasta.
"da morfina dos amores."
o que nos arde por todo o lado :)
haja disso a toda a hora.
se assim nao for...
nao tem piada
o amor, ah, o amor é uma linha quase inexistente...
num ritual pouco, ou muito, civilizado, o coelhinho come-me de quatro à beira da estrada. vou ter de ocultar meus ombros quase gastos das sua dentadas.
coelhinha da floresta
...
e nós é que somos doidos varridos??
Gosto de me inexistir quando me gasto.
Bjos
Sardenta
"eres como la noche, callada y constelada."...!?...
Saluto!
o amor é uma linha de cocaína a ocultar ombros. gastos.
nunca ninguêm disse isto assim...
que país este? por onde andas? amarras-nos e não é passo a passo...é de forma letal...
devias, sem favor, figurar numa qualquer colectânea das mais belas escritas femininas (ou não, ultrapassa o género) contemporâneas...porque ninguêm escreve assim, como tu. Tal como Léo Ferré tu também pertences a "... un autre pays..., un autre quartier, une autre solitude."
Um abraço do tamanho do teu TALENTO!!!
Snifar a vida em linha, meticulosa e ordeiramente, como só um adicto o consegue fazer.
Xi.
não queres vir tomar um cházinho connosco?
Loulou
(sem a Nini, sem a Fininha e muito menos sem o João)
passo a passo, sim.
cláudia (sem login)
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