quarta-feira, abril 15, 2009
a cidade 1
acabei de morrer, meu amor, porque quem escreve a cidade morre de seguida.
deitada de costas surpreendi o lençol. passava mesmo ao lado da orelha esquerda a tua marca articulada onde escrevi a cidade.
forço-te a olhar - vê-me. a permanência do teu ombro
roda na textura da tua orelha esquerda.
a cegueira.onde dói a cegueira. a combustão do silêncio. onde a conversa se desloca sem corpo. nua. em espelhos a invadir a subida.
acabei de morrer, meu amor, pois quem desalma a cidade morre de seguida.
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17 comentários:
acho que percebi o nome.
bandida.
roubas-nos o meio termo.
porque quem ama morre todos os dias um bocadinho... para logo de seguida se agigantar...
realmente tu roubas me muitas e muitas lagrimas...
um bjo B
(...)
morrer de seguida...
com a cidade.
beijo
Os amores e desmores
almam e desalmam
como quem se desfolha
e assim cresce
e desnasce
e a cidade tinha uma praça
que morreu ou dormiu, simplesmente?
beijo
(faltavam-me estes teus textos)
morrer e logo a seguir renascer....
;)
lindooooo
beijos meus kerida
gostei muito
na minha boca morrer significa
algo bom. morrer-me assim....:)
o nosso abraço para 7 do 6 :)
aperto-te :)
sigamos reis:
"Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida(...)"
agora resta
escrever a aldeia na orelha direita
é plácida e tem galos com cristas de verdade a traulitar alvoradas.
e talvez, em homenagem, a derradeira alcateia (que só vem quando há turistas que pagam para ver)desça à urbs.
talvez (sabes, agora com este frio...)
e com mais empenho se convoquem os faunos, os que correm andurriais e carreirais e se escondem atrás da giesta para dar ânimo às desalmadas trigueiras moçoilas sanhudas...
Tu, a Ponte.
Tu, a Terra Fértil.
Tu, o Rio que une as diversidades, que vence as dificuldades que a morte não carrega, mas que a vida, às vezes, traz.
Tu, a Coragem e a Luz, nas noites sombrias dos dias.
Tu, a Fonte que enche os outros de sentido.
Tu, és importante. Muito.
Gostei dest'alma dada à cidade.
Abraço grande.
Imensa a alma. Morrer nessa a imensidão. Tua. É renascer.
um abraço
desalmada fico eu, maria :) tem escrito pedras em palavras, tem sido genial :) beijo imenso!
Da renovação da morte que desalma.
Belíssimo!
...
eis que, finalmente, nos revelam o segredo da impunidade dos "grafiteiros"!! [e que nome tão deliquente para artistas com devoção suicidária por rabiscos e murais...] neo-expressionistas cheios de graça e de ironia, que se reproduzem quando produzem e depois morrem, numa espécie (implantada) de poiésis final. lindo!!
É na morte que muitas vezes se ganha vida.
"surpreendi o lençol"
.. gostei muito desta expressão.
Um abraço surpreendido e desassossegado para ti **
poema imenso, maria.
beijinhos grandes*
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