segunda-feira, julho 27, 2009




apontamento à beira do vazio (ii)




saio de mim até que despreze
a falência do pulso na ausência da palavra.
tudo sufoca a mancha mística da febre
a encurralar o tempo.

incluo-te no borrão de tinta
que por acaso caíu no ritmo
do cigarro e tu finges que a vírgula não dói.


fumo-te entre dois dedos.


o eléctrico passa e a cidade morde a orelha do sonho.

pequeno. pequenino. pequenote.
quase nada.
um deslize de átomos a alinhar o vazio.





<

8 comentários:

Ana Paula Sena disse...

...quando a poesia diz o que quase não pode dizer-se... aí estás tu :)

Belo!


Um abraço e um beijo amigos.

Guinevere disse...

Simplesmente lindo... de tão simples e de tão tocante...
obrigada

Graça Pires disse...

encurralar o tempo fingindo que a vírgula não dói...
Gostei.
Um beijo

Haddock disse...

bandida, perguntamo-nos como serias a escrever mensagens informativas de tráfego nos avisadores electrónicos das autoestradas...


"no tempo de um cigarro, há átomos encurralados na falência de um pulso em vírgula de desastre. apequena a mística. morde a orelha do tempo. apanha o eléctrico."

hfm disse...

"incluo-te no borrão de tinta
que por acaso caíu no ritmo
do cigarro e tu finges que a vírgula não dói."

no fumo, não do vazio, mas do sentido das tuas palavras. Um beijo.

as velas ardem ate ao fim disse...

Boas ferias!

bjo B

Anónimo disse...

fumei o poema com os dedos todos, maria... um beijo enorme para si*

Mar Arável disse...

Atchim !

Bjs