domingo, abril 29, 2007
música é a palavra. lago de sons.
margem de cordas.
vocais gritos entre a morte e o conteúdo das essências.
que são uma perda de tempo.
jactos ciumentos de luz e desejo.
ejaculações precoces de momentos em momentos e tormentos sem cor.
tentemos a corda. assim na mão.
o amor acaba por se tornar qualquer coisa tão simples como a boca a desenhar palavras.
morro três vezes antes de nascer. o arco acompanha o parto. e a melodia exige o corpo no desejo. três vezes morto. dominante na tónica do sentido.
o violoncelo é uma mulher nua.
morreu M. Rostropovitch
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sábado, abril 28, 2007
o que tu dizes das palavras.
porque elas se sucedem às coisas.
nada é. tudo somos.
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quarta-feira, abril 25, 2007
terça-feira, abril 24, 2007
veio a "nomeação" para o Bandida do Divas & Contrabaixos como um dos blogues que a faz pensar. obrigada Divas.
e porque devo escolher cinco dos quinhentos que me fazem pensar, aqui vão cinco nomes dos quinhentos que me deixam à toa :
. Letras de Babel
. Detesto Sopa
. Lauro António Apresenta
. S(Non)Blog
. BigBlog
agora é como quiserem. ou continuam ou ficamos por aqui.
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segunda-feira, abril 23, 2007
o arco na música
única água
da vastidão do eco
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e o que acredito em Jack Kerouac
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domingo, abril 22, 2007
sábado, abril 21, 2007
o paraíso é por ali. eu vou por aqui. aprendi que afinal há paraísos.
não há paraísos.
aprendi a dizer que não há.
há. (?!)
é profunda a verdade. tão verdade que não há mentira.
ninguém mente.
tanto como o paraíso.
o paraíso é a palavra mais mentirosa do universo.
como a verdade. dimensional. metafórica. onda de abuso na violência da palavra - verdade. que não existe como forma. fórmula que os idiotas usam para esconder a cara.
afogam-se nela. triunfantes.
a maçã não existe.
articulo a palavra. abro as vogais. fecho o medo.
a verdade não existe. impetuosa. chata. segura. com efeito, não creio.
vamos lá ver o paraíso. eva. adão. não.
dê-me um gin-tónico.
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fotografias de Arnaud Bauman
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quinta-feira, abril 19, 2007
amo-te em azul. beijei-te em azul claro
quando claro eram os lábios.
um azul forte correu nos meus ombros
quando os teus ombros foram mais fortes que os meus.
doce e suave era o azul que amei no teu corpo
quando o meu corpo começou a entardecer.
em azuis quase verdes desmaiei os meus olhos
quando os teus me devolveram um azul quase cinza.
é azul o meu desespero
é de azul o meu desencanto
azul frio azul mordente. azul acutilante
e o medo que escorre na minha garganta
é mais azul que o azul metalizado do diamante
são azuis os teus dentes
tão azuis e tão brilhantes que deixam
na minha pele marcas de serpente.
marcas para sempre.
I.Mendes Ferreira, Um Corpo (Sub)Exposto
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quarta-feira, abril 18, 2007
Quando bruscamente, nas trevas da noite,
Ouvires passar o tropel invisível das vozes puras,
O coro celeste das sublimes harmonias,
Abandonado definitivamente pela fortuna,
Desfeitas em pó as últimas esperanças,
Esvaída em fumo uma vida de desejo.
Ah, não sucumbas lastimando um passado
Que te traiu, mas como um homem
Que se prepara há muito tempo,
Despede-te corajosamente
De Alexandria que te abandona.
Não te deixes iludir e não digas
Que foi sonho ou um logro dos teus sentidos,
Deixa as súplicas e os lamentos para os poltrões,
Abandona vãs esperanças,
E como um homem que se prepara há muito tempo,
Resignado, altivo, como te compete
E a uma cidade como esta,
Abre a janela e olha para a rua
E bebe a taça inteira da amargura
E a derradeira embriaguez da multidão mística
E despede-te de Alexandria que te abandona.
Lawrence Durrell, in O Quarteto de Alexandria, Justine
por aqui
terça-feira, abril 17, 2007
segunda-feira, abril 16, 2007
e a paixão pelo violoncelo que me arrasta até às catacumbas da memória. e passo pelo Casals e pela Suggia e pelo Ma, e pela Du Pré, como se nada mais importasse. só assim. em cada corda tocada, as notas de sonhos atentos, desfeitos, perfeitos, desgrenhados, penteados e ... achados... e tantos, tantos, perdidos...
e aquele som grave a mostrar a estrada. o caminho...
o costume. de costume. a hora primitiva do princípio do mundo.
a música faz falta. a música faz muita falta. a música é que falta.
que se fodam os sons breves. uma semi-breve.
vira a partitura. oh mais non! tenho um anel e uma tosse.
e vice-versa. que agora já não me lembro. tenho um lobo na cabeça
e um sono desgraçado.
e a forma do violoncelo
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sexta-feira, abril 13, 2007
Catarina de olhos ensolarados voltava-se para o mar. longe de si as ondas eram pincéis rasgando a praia de riscos que se enrolavam nas algas e as algas enrolavam-se numa longa tela rugosa como se aquele momento fosse tudo sem nunca ser demais. com o mesmo gesto esquecido e lento voltou a cabeça para todos os lados. à procura de ninguém. à procura de prazer. à procura de mim.
...
Isabel Mendes Ferreira, A mais loura de Lisboa
quinta-feira, abril 12, 2007
é no espelho que o relógio anda.
o retrato é o mesmo. a curva do mónaco.
demoradamente permitido.
pintado de silêncio.
nada é diferente. sabes? nada se vê na inutilidade dos lençóis.
p a i s a g e m a b e r t a n a c a m a.
e quando a lua enche de cio a noite
encontro-te no retrato demoradamente pintado de silêncio.
como se o limite começasse entre o hálito e a língua.
é no espelho da boca que te
desprendo os cabelos.
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música Ennio Morricone tocada por Yo-Yo Ma
terça-feira, abril 10, 2007
a música sob a essência da língua. nenhum véu antigo no absoluto.
nenhum absoluto.
pelo atalho te espreito. as pernas lisas no significado
de ti. fêmea de asas postas.
ave.
gira longa a sombra da tua boca.
a pele nua. a tua humidade marginal.
estende as mãos no caminho
do meu silêncio.
apaga a luz do teu som
na enseada dos teus lábios.
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Bjork, Pagan Poetry
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segunda-feira, abril 09, 2007
Je suis d'un autre pays que le votre, d'un autre quartier, d'une autre solitude.
Je m'invente aujourd'hui des chemins de traverse.
Je ne suis plus de chez vous, j'attends des mutants.
Biologiquement je m'arrange avec l'idée que je me fais de la biologie: je pisse, j'éjacule, je pleure.
Il est de toute première instance que nous faconnions nos idées comme s'il s'agissait d'objets manufacturés.
Je suis pret à vous procurer les moules.
Mais, la solitude.
Les moules sont d'une texture nouvelle, je vous avertis.
Ils ont été coulés demain matin.
Si vous n'avez pas dès ce jour, le sentiment relatif de votre durée,
il est inutile de regarder devant vous car devant c'est derrière, la nuit c'est le jour.
Et la solitude.
Il est de toute première instance que les laveries automatiques, au coin des rues,
soient aussi imperturbables que les feux d'arret ou de voie libre.
Les flics du détersif vous indiqueront la case où il vous sera loisible de laver ce que vous croyez etre votre conscience et qui n'est qu'une dépendance de l'ordinateur neurophile qui vous sert de cerveau.
Et pourtant la solitude.
Le désespoir est une forme supérieure de la critique.
Pour le moment, nous l'appellerons "bonheur",
les mots que vous employez n'étant plus "les mots" mais une sorte de conduit à travers lequels, les analphabètes se font bonne conscience.
Mais la solitude.
Le Code civil nous en parlerons plus tard.
Pour le moment, je voudrais codifier l'incodifiable.
Je voudrais mesurer vos danaides démocraties.
Je voudrais m'insérer dans le vide absolu et devenir le non-dit,
le non-avenu, le non-vierge par manque de lucidité.
La lucidité se tient dans mon froc...
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Léo Ferré
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e há estradas por aqui
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domingo, abril 08, 2007
sábado, abril 07, 2007
quarta-feira, abril 04, 2007
"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
Miguel Sousa Tavares
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Nina Hagen, 1008 Indian Nights
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