nada é diferente se a boca não morde no ramo o caule da folha. e será a criatura selvagem arejada de vento e de névoa. a garganta em sangue do princípio da vida. nas asas das fadas. no ventre das deusas. já vi. no cimento crescem as madrugadas antes noites apetecidas. não viste elefantes. não olhaste o silêncio dos corvos na diferença do grito. não viste a cor da noite a espreguiçar-se na lua. não imaginaste o fundo dos olhos ensanguentados de vermelhos vivos. não viste o silêncio a esculpir nuvens. descompassado. negro. cinzento escuro a escapar-se dos lagos acesos na ponta dos dedos. na febre da língua. no segredo do grito. não ousaste sequer estremecer de fúria quando a porta se fechou por dentro e a chave se escondeu subitamente debaixo do tapete do medo. não ficaste. não te despediste e achaste que sim. que basta acenar uma mão cheia de dedos para ir embora. e de repente a selva transformou-se em mar e as nuvens cresceram para dentro de um hino envelhecido em madeiras de jangadas mal presas na corda. o náufrago mastiga. mastiga a carne. num corpo meio vivo. ainda assim em estertor de morte apalavrada. náufragos são os lobos na despedida do dia. e nada mais se assemelha ao seu olhar à espera do resto. que vai e vem num não sei quê de angústias. a doer fundo. a acrescentar palavras ao que já é demais acrescentado. e não há nada a dizer quando não se disse nada. não há nada a fazer quando não se fez nada. não há nada. absolutamente nada.
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