quinta-feira, novembro 30, 2006

(In)dolor sem saber nada ou menos



Salvador Dali


respiro o teu hálito
em instantes de nuvens

nada

nada


atrasa a partida
em gomos de luz
como se estivesses sempre




estamos no


infinito

nada


quase

tudo
...

terça-feira, novembro 28, 2006

A pele





de quanto me visto

nasço


quando

me sinto



no (im)possível

do

sonho



a pele do mundo

segunda-feira, novembro 27, 2006

DizMeDasPalavrasPerdidas




diz-me das palavras
perdidas

infinitamente

tuas


infinitamente

TU

domingo, novembro 26, 2006

NuncaEstiveTãoSóDizOMeuCorpo



Tantos pintores

A realidade comovida agradece
mas fica no mesmo sítio
(daqui ninguém me tira)
chamado paisagem

Tantos escritores

A realidade comovida agradece
E continua a fazer o seu frio
Sobre bairros inteiros, na cidade, e algures

Tantos mortos no rio

A realidade comovida agradece
porque sabe que foi por ela o sacrifício
mas não agradece muito

Ela sabe que os pintores
os escritores
e quem morre
não gosta da realidade
querem-na para um bocado
não se lhe chegam muito pode sufocar

Só o velho moinho do acordeon da esquina
rodado a manivela de trabuqueta
sem mesura sem fim e sem verdade
dá voltas à solidão da realidade


Mário Cesariny de Vasconcelos

sexta-feira, novembro 24, 2006

Ferré




va... tout s'en va...


avec le temps
on n'aime plus

......

quinta-feira, novembro 23, 2006

EmbrulhadaNasPalavras



deixa-me descansar por aí. embrulhada nas palavras.

que de fumo se transtorne o conhecimento do corpo.
que se queimem as asas dos anjos e se descubram os holofotes do sonho.
por dentro dos dedos. por dentro dos olhos. por dentro de mim.
que se assombrem as camas desfeitas de desejo.
que se limpem as bocas no lençol do tédio.
que me causem impressão as almas e os romances e a súbita sôfrega desilusão.
que me fechem a porta da vontade. que a filosofia é uma treta.
que me ardam as polpas dos dedos na futilidade da descoberta.
que me sigam os caminhos. que me encharquem os olhos de galos a cantar ao relento.
que me digam que não. e que sim.
que me matem de doença incurável. ócio de dramas mentais. sensações de luz forte.
que me digam que não.
que me fujam as sombras dos meus medos.
que me lixem. que se lixem. que me engasguem. que me julguem altruísta de causas mortas.
que me encurtem a palavra.

que me deixem descansar por aí num embrulho de palavras.


quarta-feira, novembro 22, 2006

Escolhe


...

escolhe

o filme

basta-me

o

silêncio

....



terça-feira, novembro 21, 2006

segunda-feira, novembro 20, 2006

...



...

iluminada


...

domingo, novembro 19, 2006

Enquanto os olhos virem




reclinada

(in)conformada


de repente a pele transforma a
chama

voz

tom


o pé na aresta do

que digo


nada

Um dia destes




...um dia destes vou-me embora e fico para lá de mim...

um dia destes, pergunto-vos que distancia existe entre a puta da verdade que nos ensombra a existência e a puta da mentira que é a própria existência.

um dia destes...

juro...

sexta-feira, novembro 17, 2006

Beauty




Death in Venice - Luchino Visconti

A corda



E na corda
se acorda o som.

- Disseste alguma coisa?

- Sim. Acorda!

- A corda?

- Acorda, sim!

- Vou já. É só preparar o arco. Passa-me a resina.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Regarder



il faut regarder

cette pomme

regarder

la pomme

il faut

il faut

faut-il?


pomme
pomme
pomme

cette pomme

a que propósito o olhar?

il...

f..............

segunda-feira, novembro 13, 2006

palavras roubadas




"Fechei.


Chora sim...

mas não aceites."

a.

domingo, novembro 12, 2006

Cores de nada como se fossem qualquer coisa



agora que Chopin se entranha pela pele
deixa-me dizer-te que não

o silêncio
não desperta nada
a não ser
mais silêncio

que um nocturno é
um desgosto
profundo

vou pintar-te de
amarelo

sábado, novembro 11, 2006

Tentativas



do outro lado. por outro lado. qual outro lado.
deveria
existir um outro lado.
aqui
ao lado.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Instantes I



são corpos em delírios de nuvem.
são ventres em desejos de nomes.
são bocas em forma de sussurro.
são sexos em permanente música.
são dentes em apetecida marca.
são pulsos em apertadas cordas.
são dedos em repetidos gritos.

são nossas.

são fêmeas as palavras.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Loucura I



"No fundo o que é um maluco? É qualquer coisa de diferente, um marginal, uma pessoa que não produz imediatamente. Há muitas formas de a sociedade lidar com estes marginais. Ou é engoli-los, transformá-los em artistas, em profetas, em arautos de uma nova civilização, ou então vomitá-los em hospitais psiquiátricos."


António Lobo Antunes

terça-feira, novembro 07, 2006

Lobos somos todos



"Each has his past shut in him like the leaves of a book known to him by his heart, and his friends can only read the title."

Virginia Woolf

segunda-feira, novembro 06, 2006

Diálogo às cores




- Deixei a tinta pela parede. Importas-te?
- Não. Nem sequer vi.
- Tem qualquer coisa de místico, não achas?
- Talvez. Parece que é azul.
- Qualquer dia pinto um dedo de cada cor e depois invento o arco-íris.
- Já o inventaram.
- Ainda não o vi...
- Eu sou o arco-íris!
- Pensei que eras a Lua...

domingo, novembro 05, 2006

sábado, novembro 04, 2006

Diferenças(?)






Falemos de agulhas e camelos e de queimar a cabeça.

Não vejo a diferença.

....

....

.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Silêncios


ouve só. é o silêncio.
e depois dele
o pó.
a vida pintada
de branco.
o salpico da palavra.
só.

não digas nada.
ouve.
só.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Fumo


escuta
olha


é o interior
do
espelho

nós

dos dedos