domingo, dezembro 31, 2006

For You, M.








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The Hunger, Catherine Deneuve, Susan Sarandon

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música Lakmé, Léo Delibes
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Até já !

sexta-feira, dezembro 29, 2006

desejo a palavra primitiva instrumento admirável
a palavra primitiva
desejo admirável instrumento a primitiva palavra

admirável
desejo



instrumento admirável
a palavra

primitiva

desejo

vício

culto


fatalmente rouco

porção

primitiva a palavra

corpo


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pintura de P.Neto

obrigada Paulo
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quinta-feira, dezembro 28, 2006




ponto(s) de luz


final











...


"Amadeo de Souza-Cardoso é a primeira Descoberta de Portugal na Europa do Século XX. O limite da Descoberta é infinito porque o sentido da Descoberta muda de substância e cresce em interesse - por isso que a Descoberta do Caminho Marítimo prà Índia é menos importante que a Exposição de Amadeo de Souza-Cardoso..."

Assim disse Almada-Negreiros em 1916 sobre a exposição de Amadeo na Liga Naval de Lisboa.



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Pinturas de Amadeo de Souza-Cardoso

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quarta-feira, dezembro 27, 2006

segunda-feira, dezembro 25, 2006

às escuras sem disfarce a tua ilha

de joelhos a raíz na tua mão

só tu e o eco incerto
do teu lado

as dunas do teu vento
e a razão


a música secreta do
teu sexo

a cama desfeita
dos teus lagos

e a bicho me reduzes
implacável
de gatas
no silêncio a tua boca .

sábado, dezembro 23, 2006




um lado



nenhum




dos mares azuis
as marés vivas.
a pedra da memória.

instantes.

e as mãos no azul escuro
da dor.









.

Merry Christmas Mr. Lawrence

quarta-feira, dezembro 20, 2006




a voz da pele

no sussurro

dos anjos













Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
de frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira, Infinito Pessoal ou a Arte de Amar

domingo, dezembro 17, 2006



se pudesse beber
da tua inocência nua

bastavam-me os seios
do teu sorriso azul

bastava-me a dor

ilharga
do teu silêncio guia

bastava-me a boca







sexta-feira, dezembro 15, 2006




no orvalho morno.

és.

abelha selvagem na fúria do mel.

alheia ao silêncio
das asas dos anjos.

quente.






...
"he has no dogs
he has no friends
...
what's that sound?"
...

Tom Waits





a palavra funde-se.
morde.
na forma.
a boca.
na boca.
da boca.

na tua
boca.

lumes.


incêndios.

quarta-feira, dezembro 13, 2006



logo digo. dizes.
distingo-te a boca.
o corpo.
respiro-Te.

muito.leve.
pouco. tudo.
nada no inverno dos dedos.

invades-me em olfactos.


acordes.

Te.


na nudez do meu desejo.




segunda-feira, dezembro 11, 2006



...

...

deserta


...

domingo, dezembro 10, 2006

A Ilha

a sombra longa. a ilha fértil.
o tempo. o vento.
quase tudo.






um dia. abstracto. como os gatos nos telhados e os lobos na lua.

sábado, dezembro 09, 2006

Vagas

não durmo. vejo-te.
no sono do sonho
alameda de juncos
no azul
da tua boca

não fumo. inalo-te.
e a névoa apetece
na cor do lençol
inútil de vago
nublado de brando
desperto de fúria
intenso de breve

não durmo.
adormeço.





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pintura de Matisse
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quarta-feira, dezembro 06, 2006

Persona - Ingmar Bergman

Perfis

vai ser música
enquanto mulher. dor na paisagem.

vício. prazeres despidos.
xailes em perfis de ombros.
as mãos aladas. físicas.

perfil. em perfil. assim.
descobre o muro que o momento é só este.
sente a pena no tinteiro e pinta-me nos olhos
uma alegria
um baile de máscaras
um suor com cheiro a futuro.
uma prateleira de brisas.



ainda quente o azul da substância. cinza.
o antefalhar do princípio. que nem cinzento.
nem cansaço. nem término.
nem sombra.




no ouvido um andante. (cantabile)
na mão uma trovoada.

terça-feira, dezembro 05, 2006

T. de Horta





...

À noite implorar-te-ei: "Vem, minha rosa da Índia..." -, paixão da minha paixão, que a ti te aperfeiçoa e a mim me derruba; me empurra na demanda de tudo por tudo querer demasiado: "Nunca me abandones!"- rogo-te em seguida, na certeza de estar a acontecer o contrário; fingindo submeter-me, dar-me, para melhor litigar, procurar o poço do teu fundo, à descoberta das tuas catacumbas e cisternas, dos teus escombros, das tuas fundações e caves escuras. Sem impedir a sofreguidão que impele a dureza vingativa que me incita a armar-te ciladas, a usar armadilhas para te aprisionar, minha raposa prateada, meu lobo desalmado.
Minha caça.

Tu deslumbras-me e metes-me medo pelo imenso poder que manténs sobre mim, abrigando-me e apartando-me, recolhendo-me e largando-me, com uma futilidade caprichosa, cruenta, amando-me para me negares. No esquecimento de como a minha antiga natureza geniosa me leva à rebeldia e à desobediência, à ruptura, na pressa de desprender-me, de libertar-me, a ganhar terreno para melhor me esquivar, desatar os nós corredios que deste na minha sorte, mapa de traições e clausura. A iludir a avidez pela tua magreza, pela tua palidez sombria, pela tua doçura de madressilva, pelo bistre das tuas olheiras, do cansaço que ao apaziguar-te afinal te cede às escarpas íngremes da minha cobiça, que acaba por te tornar objecto único da turva tentação do meu anseio.

Neste delírio, nesta alucinação, nesta desordem, neste rancor acrescido. A apropriar-me de ti através da morte, por não poder ser através da vida, enquanto te amordaço, te ato, amarro a nudez do corpo que lavo e aliso, embalo e acaricio.
Exigente.
...

Maria Teresa Horta - Uriel

segunda-feira, dezembro 04, 2006

A Paixão




julgo que sim. são crias os poemas.
destinos debruçados em arcos violínicos.


julgo que sim. são amarelos os vícios.
satisfações encantadas na palidez do suicidio.

julgo que sim. são gavetas. existências no absurdo
de existir.

julgo que sim. são poetas. as paixões.

vou julgar que sim. a paixão.

acendo a cigarrilha e inalo-te.









domingo, dezembro 03, 2006

Sempre




os dedos na partitura do sonho.

mata

a

saudade.


nós
de inquietantes cordas.

despe o momento e sopra para longe
a dúvida.

sempre. sempre. sempre.

sábado, dezembro 02, 2006

em forma de cor





alugo um sonho.
é legítimo o tédio.
parece fundo. mas é falso.
o alçapão.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Toi Surtout C'est Que Tu Ne



«Chère imagination, ce que j'aime surtout en toi, c'est que tu ne pardonnes pas»


André Breton